Espetáculo de Adilson Dias apresenta histórias da ancestralidade indígena brasileira
“Arandu – Lendas Amazônicas” estreia no CCBB Belo Horizonte, de 06 a 11 de novembro, levando para o teatro histórias de lendas indígenas em forma dramatizada. A direção e concepção é de Adilson Dias, um menino que viveu em situação de rua na década de 90 e que foi amparado pela arte quando da Candelária (RJ) passava pelo CCBB RJ para tomar água. O trabalho de pesquisa durou um ano e meio e o diretor e autor carioca de 38 anos mergulhou fundo no universo das lendas amazônicas. No palco, uma índia vivida pela atriz macapaense Lucia Morais conta histórias da grande floresta em uma viagem imaginária pela nossa ancestralidade indígena. “Arandu” é apresentado e patrocinado pelo Banco do Brasil. A entrada é gratuita.
Durante 40 minutos os espectadores (adultos e crianças) assistirão a quatro histórias: “Lenda do dia e da noite”, que fala de uma tribo que vivia em agonia por que não havia noite, só havia dia, “Lenda da vitória régia”, a história da guerreira Naiá, “A Lenda da Fruta Amarela”, que conta a história de um novo fruto que aparece na floresta, e “A lenda do açaí”, sobre a crise de alimentos que assolava uma tribo indígena. A ideia principal é transpor o público, através de um passeio poético, para as lendas amazônicas, a um Brasil ancestral que traz na narrativa oral o veículo de perpetuação da cultura.
“Arandu” é interpretado pela atriz Macapaense Lucia Morais que se inspirou na própria infância ribeirinha no interior de Macapá para compor a personagem – Lucia ouvia histórias contadas por sua avó na beira do rio quando era criança. “Conheci Lucia pelo Facebook, me apaixonei pelo trabalho dela com contação de histórias e a proliferação da leitura. Começamos a conversar sobre levar aquilo para o teatro e assim foi nascendo o espetáculo nas nossas cabeças”, diz Adilson.
No dialeto tupi-guarani, Arandu significa um misto de sabedoria e conhecimento. E foi a curiosidade por informações que levou Adilson a pesquisar sobre as lendas que permeiam a região amazônica. Lendo o livro “A Queda do Céu” de Davi Kopenawa e Bruce Albert, descobriu muito mais sobre a cultura indígena para compor o espetáculo. Um outro fato que o fez penetrar, mesmo que inconscientemente, nesta seara foi que sua mãe, já falecida, era uma índia. “Minha mãe era índia, curandeira e não sabia ler e escrever. Uma figura indígena na aparência e nos hábitos, então todos a chamavam de ‘Dona Índia”, conta.
O projeto abre uma reflexão sobre a importância das tradições orais na formação da cultura brasileira. Há milênios os índios contam histórias (lendas) para explicar sua existência no mundo ou para passar conhecimento e informação. Seja utilizando os fenômenos naturais e a própria natureza como exemplo. Com o passar do tempo as lendas tornaram-se folclore, mas ainda se revelam um amplo universo de pesquisa e contemplação artística.
Serviço
“Arandu – Lendas Amazônicas”
CCBB Belo Horizonte
Temporada: De 6 a 11 de novembro
Horários: quarta, quinta, sexta e segunda, às 15h; sábado e domingo às 18h30.
Entrada Gratuita, senhas distribuídas 1 hora antes na bilheteria
Local: Teatro 2
Classificação etária: Livre
Endereço: Praça da Liberdade, 450 – Funcionários
Belo Horizonte – MG
Telefone: (31) 3431-9400