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Pitadas Culturais

DotART galeria apresenta exposições individuais dos atristas Moisés Patrício e Igor Nunes

dotART

A partir do 25 de outubro, a dotART galeria traz ao público duas novas exposições individuais. “GBILÈ”, do artista Moisés Patrício, e “Barrocos”, do artista Igor Nunes, que apresentam obras que dialogam com suas origens e vivências, transformando o cotidiano para chegar em reflexões de diferentes contextos. As mostras trazem obras inéditas e ficam disponíveis para visitação gratuita até o dia 3 de dezembro.

“Esta é a exposição mais importante do ano para a galeria, pois traz dois artistas que dialogam na expressão artística, embora não se conheçam. Moisés tem uma trajetória consolidada e parte a série segue para uma exposição no Inhotim após a nossa. E estamos apresentando o trabalho do Igor”, explica Wilson Lazaro, curador da mostra e diretor da dotART.

Moisés Patrício traz a questão de suas ancestralidades como prática e resultado de autorretrato, em todo o seu viés de trabalho. Seu acervo visual faz parte de seu cotidiano de artista, que busca ao redor desses temas, seus passados dentro da cultura Yorúbá, trazendo para as pinturas em seus dias atuais. Uma pintura que retrata o que há de mais acadêmico na escola europeia, retratos feitos com fundo chapado, prática que coloca em evidência a pessoa que está sendo retratada, ressaltando elementos da cultura latina, afro-brasileira e africana presentes no cotidiano e marginalizados pelo preconceito racial, social e cultural.

Igor Nunes, por sua vez, busca em seu trabalho uma relação com a história. A pintura acadêmica na qual ele desloca, de fora do cotidiano convencional de quem as consome, para dentro da pintura, trazendo uma nova maneira de olhar aos movimentos acadêmicos. Suas obras carregam um resultado estético final bastante alegórico, construindo cenas pintadas no período antigo vindas do barroco que dá o nome à série, mas, com um certo humor.

Ambos constroem uma forte linha sobre o classicismo da pintura, representando seus movimentos e diversos costumes, mas também celebrando o real, a vida, o belo, a ancestralidade e religião.

GBILÈ

No dicionário Yorúbá, a palavra GBILÈ significa “florescer, brotar, espalhar, estender ao redor”, e é ela quem guia a exposição do artista Moisés Patrício, que mergulhou nas próprias origens para produzir uma série de pinturas, esculturas e fotografias. “Sou candomblecista, e na minha última pesquisa abordo o tema das comunidades, dos quilombos e família. Falo dessa experiência e desse universo que é um patrimônio cultural imaterial”, comenta Patrício.

As obras do artista, que já foi indicado ao prêmio PIPA, dialogam com suas vivências e de sua família biológica e eletiva na atual conjuntura política, tendo como ponto de partida a resiliência e memória ancestral dos povos Yorúbà e seus remanescentes na cultura afro-mineira e baiana. “Álbum de Família”, é o título da sua série de pinturas iniciadas na pandemia, na qual retrata “as personalidades que me formaram como ser humano, e vou resgatando até cruzar com minha vida agora. E trago isso para o retrato”, elucida o artista, que tem família em Minas Gerais. “Tudo que carrego de ancestralidade está ligado ao estado. Inclusive a paleta de cor que utilizo tem muito da afetividade mineira”, complementa.

Na exposição, pintura e fotografia se misturam. Elas “conversam” em um jogo de composição e dão espaço para esculturas, que falam da evocação do corpo coletivo que é o terreiro de Candomblé e as comunidades negras espalhadas pelo Brasil. Uma das esculturas é uma homenagem ao artista baiano, Mestre Didi (1917-2013), que construiu sua própria comunidade. Boa parte das obras da exposição são inéditas, de um trabalho que ele considera em aberto. “Venho pesquisando a memória das famílias negritas no Brasil, e o direito a memória, então é um trabalho em processo”, sublinha.

Barrocos

O trabalho de Igor Nunes é uma espécie de cartografia do momento atual em que vive, retratando temas e imagens oriundas de um tempo, e não hesita em registrar elementos de uma crítica social na qual raça, espaço público, religião e relações comportamentais são destacadas, promovendo deslocamentos históricos e geográficos. “Comecei a pintar muito literalmente essas cenas do cotidiano. Ia pegando uma imagem com o fundo de outra. Uma narrativa de tempos distintos e que no final resultava em uma imagem que é ficcional, mas composta desses diferentes tempos”, comenta.

Para essa exposição, se propôs a fazer uma ponte entre a arte barroca que se desenvolveu no Rio de Janeiro e o barroco mineiro. De forma evocativa, flerta com os muitos barrocos, a pintura universal, o local e global. Igor se inspirou em grandes obras de nomes como Nicolas Poussin (1594-1665) e Mestre Ataíde (1762 -1830).

“São obras onde vou pegando imagens do barroco tanto brasileiro, como europeu, e vou alterando a exposição das figuras. Muitas vezes troco a figura de um nobre e por uma teoricamente marginalizada”, explica, ele que não tem pretensão de construir uma realidade. “Elas não estão interessadas em fechar ou afirmar verdades. Elas abrem várias interpretações, te fazem pensar, são mensagem que estão sutis dentro das pinturas”, finaliza.

Serviço:

Exposições: “GBILÈ” – Moisés Patrício | “Barrocos” – Igor Nunes

Visitação: De 25 de outubro a 3 de dezembro de 2022

Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 18h | sábado, das 10h às 13h

Local: dotART galeria (rua Bernardo Guimarães, 911, Savassi, Belo Horizonte)

Entrada gratuita

Informações: (31) 3261-3910

https://www.instagram.com/galeriadotart/

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