De esculturas gigantescas a delicadas gravuras, as obras dialogam sobre o pluralismo da arte e a (trans)formação da matéria a partir da memória
Autodidata, multimídia, livre pensador e prestes a completar uma década de carreira artística, Marcos Amaro, 35, ganhou fama por seus trabalhos feitos de resíduos aeronáuticos de dimensões avantajadas. Mas o campo escultórico que explora vai bem além, seja em proporção, seja em enredo. “Na obra-instalação pictórica de Amaro não se define bem os limites do que entendemos por escultura, instalação e pintura. Tampouco é possível falar em estilo”, afirma o crítico e curador de arte Ricardo Resende. É ele que assina a curadoria da mostra individual Transpictórico, que entra em cartaz à partir de 19 de outubro na Fundação Nacional das Artes (Funarte) de Minas Gerais, reunindo 60 obras do artista paulistano.
Gravuras, desenhos, fotografias e esculturas de algumas toneladas, todas assinadas por Marcos Amaro, têm em comum o princípio da transformação. Acúmulos de materiais e processos são ressignificados em colagens e ajudam a materializar memórias do artista cuja biografia se cruza com os aviões que tanto ama desfazer, reproduzir, transmutar (Amaro é filho do lendário comandante Rolim, fundador da TAM Linhas Aéreas).
A bem da verdade, o artista divaga sobre a diversidade dos materiais enquanto pinta, desmonta, acumula e cria assemblages. “Tudo isso compõe seu processo: tira – muitas vezes, de ferros-velhos –, solda, desfaz, corta, serra, dobra, junta, aparafusa, rasga, cola, desenha, fotografa, grava e imprime. Os gestos plásticos da criação”, diz Resende.
Nessa variedade de suportes e técnicas, ganham destaque as delicadas gravuras feitas a partir de madeira e metal, criações inéditas do artista e exibidas pela primeira vez na exposição, aberta até fim de novembro.
Sobre Marcos Amaro:
Mecenas, colecionador e artista, Amaro realiza exibições de sua obra desde 2012, no Brasil e outros países, como Itália, Suíça e Estados Unidos. É o nome por trás do inventivo museu FAMA, em Itu, no interior paulista, cujo acervo soma quase 2 mil obras de arte, entre raridades plásticas que vão de Aleijadinho a Tunga. Também atua como conselheiro do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
Serviço:
MARCOS AMARO – TRANSPICTÓRIO
Exposição: 19 de outubro à 01 de dezembro
Quarta a domingo – 14h às 21h
Funarte MG (Rua Januária, 68)