De 22 a 31 de julho, o Microteatro La Movida expande mais uma vez sua programação de micropeças para o ambiente virtual. Realizado pelo segundo ano consecutivo no formato online, a edição Microteatro.br traz 16 micropeças, sendo 12 adultas e, entre as novidades, quatro obras dedicadas ao público infantil. Toda programação será apresentada gratuitamente, no Instagram do espaço @lamovidamicroteatro, sempre quintas e sextas, com sessões às 21h, 21h20 e 21h40. As apresentações da mostra infantil acontecem aos sábados, às 16h e às 16h20. Para quem não conseguir assistir no horário oficial de transmissão ou quiser rever, as micropeças ficam disponíveis gratuitamente na plataforma durante 30 dias após o evento.
“Mesmo com a reabertura recente dos teatros em Belo Horizonte, ainda é cedo para abrir as portas em contexto de pandemia”, afirma Clarice Castanheira, idealizadora do Microteatro La Movida. Ela conta que a linguagem do Microteatro, surgida em Madrid (2009), foi concebida para espaços pequenos (15 m2) e público de até 15 pessoas por sessão. “É diferente de apresentar uma cena curta em um grande teatro, tradicional. A micropeça é uma experiência que o artista compartilha num espaço íntimo, micro, com poucas pessoas. Neste sentido, a versão digital vem para suprir a demanda de quem ainda não se sente seguro para sair de casa”, explica.
A 2ª edição online traz para o público algumas novidades, em relação ao ano passado: a começar pelo nome. “Microteatro sempre foi o posicionamento do La Movida. A temporada virtual, deste ano, estamos chamando de Microteatro.br para reforçar a produção de curta duração, porém, por meio de uma plataforma virtual (daí o “.br”), explica Marco Túlio Zerlotini, coordenador técnico.
Se no ano passado as micropeças foram divididas por temas, neste ano a curadoria se pautou pela diversidade. Foram escolhidas, via chamamento público, 16 propostas (sendo 8 inéditas: 5 adultas e 3 infantis) – dos artistas mineiros Carolina Correa, Ana Carolina Siqueira e Clara Fadel, Marcus Labatti e Alexandre Toledo, Chico Aníbal e Margareth Serra, Idylla Silmarovi e Juliana Abreu, Maria Tereza Costa, Grupo Maria Cutia, Micheline de Paula, Sitaram Custodio, Elisângela Souza, Lira Ribas, Breve Cia., Cia Dois em Um, Marcelo Veronez, Cia Boemia Literária e Grupo Movência. Os trabalhos reúnem estéticas distintas entre si – micropeças musicais, dramáticas, cômicas, teatro de bonecos, show, teatro de máscara, animação, – e trazem assuntos que passam pela existência humana, além de temas atuais e políticos. Pela primeira vez, o público assiste também no Microteatro La Movida, a uma mostra infantil com quatro obras voltadas para a infância.
Nesta edição, houve também um aprimoramento na adaptação para o digital. Uma das inovações foi o investimento na interação com a plateia. “Decidimos retomar a recepção do espectador, como era no presencial, com a volta do mestre de cerimônias: só que agora interagindo pela tela, chamando as pessoas para assistir às micropeças no Instagram”, explica Clarice Castanheira.
Com a finalidade de ampliar os benefícios do recurso público da Lei Aldyr Blanc, os trabalhos selecionados foram gravados em espaços parceiros do La Movida: Clementina (BH), Espaço Aberto Pierrot Lunar (BH), Grupo Trama de Teatro (Contagem) e C.A.S.A. – sede do Grupo Armatrux e da Companhia Suspensa (Nova Lima). Antes de iniciar a captação das cenas, foram realizadas conversas com cada selecionado. “Considerando que ainda estamos entendendo como o virtual impacta nas obras teatrais, percebemos os artistas mais consciente de como querem o registro de suas obras. Passamos por processo semelhante de entender também nosso papel como espaço que abre as portas para esses experimentos. É cedo falar em amadurecimento de linguagem, mas já ganhamos alguma desenvoltura”, pondera Marco Túlio Zerlotini.
Sendo assim, a principal preocupação para esta edição foi aprimorar ainda mais a qualidade de experiência do espectador. “Na primeira temporada virtual, todas as transmissões ocorreram na posição vertical do celular, um desafio para quem realiza a captação, quanto para quem assiste”, explica Marco Túlio. Ele explica que, agora, o espectador será orientado a virar o celular, já que as obras foram registradas na horizontal. “Da primeira vez, nosso foco era a transmissão ao vivo, cabendo poucas interferências na edição. Neste ano, vamos tratar um pouco mais as imagens, a pedido dos artistas, mas sem perder o frescor do ao vivo”.
Outro avanço foi na captação das imagens: “a micropeça tem detalhes muito sutis, principalmente pensando no seu formato presencial. Como solução, a gente propôs gravar em espaços bem pequenos, e grande proximidade do artista com a câmera, para que isso chegasse ao espectador”, diz Clarice Castanheira. A produtora conta ainda que os artistas contribuíram com ajustes na interpretação: “foi preciso aumentar um pouco as intenções, sem que elas perdessem a sutileza, mas que fossem, ao mesmo tempo, perceptíveis na tela”.
Desde a sua criação em Belo Horizonte (2017), o La Movida tem investido na formação de público para a linguagem do Microteatro. O virtual ampliou e muito essa possibilidade: “Gente de qualquer lugar do mundo pode assistir”, explica Marco Túlio. Para ele, trazer novas plateias é um esforço conjunto entre o artista e o La Movida. “Durante diversas noites da primeira edição virtual, esteve presente em nossas transmissões um público diverso, que chegou para assistir a um artista e acabou vendo outro, ou que se ligou no Instagram do La Movida por ser um frequentador do espaço físico. Esperamos o mesmo movimento desta vez”.
Clarice Castanheira acrescenta que “as pessoas estão com celular na mão, e muitas vezes, passam pelo Instagram e veem que o La Movida está ali online. É uma audiência espontânea, do momento. O engajamento de cada artista conta também para levar novos públicos.