Em sua 15ª edição, ” Projeto Música nas Escolas” realizou mais de 350 apresentações, assistidas por aproximadamente 100 mil espectadores em eventos culturais
Incentivar e investir na formação musical de crianças e adolescentes das escolas públicas da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Esse é o principal objetivo do Projeto Música nas Escolas, que chega a 15ª edição com muitos motivos para comemorar. Com a primeira turma iniciada em 2005, a iniciativa só teve uma breve pausa, no início da pandemia, para a adaptação ao formato on-line, executado no decorrer de 2020, continuando firme no trabalho neste ano de 2021, com a marca de mais de 1000 alunos atendidos, o que mudou a história de vida de muitos deles.
Dentre os muitos profissionais da música que passaram pela iniciativa, há várias histórias que merecem ser contadas, como a da Joice Coutinho (25), que é formada em Música pela UFMG, iniciou a sua jornada na área musical aos 10 anos de idade por meio do Projeto Música nas Escolas. “Meu pai era funcionário da Vallourec e, após ver um anúncio no jornal interno da empresa, minha mãe se interessou em matricular meu irmão e eu. Passamos pelo processo de seleção e, no dia em que nos apresentaram os instrumentos, foi amor à primeira vista. Levaram uma orquestra, e quando vi a apresentação da viola, fiquei apaixonada. Por ser diferente, me instigou e eu fiquei encantada com o som. Naquele instante, eu decidi o que queria para a minha vida”, conta a jovem.
Muito grata por tudo o que o Música nas Escolas proporcionou a ela, Joice Coutinho credita à iniciativa grande parte do seu crescimento pessoal. “O projeto foi importante em várias áreas. A mais notável foi a escolha da profissão que escolhi para a minha vida, mas vai muito além disso, pois ajudou a me formar como pessoa. Se não fosse a iniciativa, eu não teria conhecido a viola e não teria ingressado no meio musical”, explica a profissional da música, que hoje integra a Orquestra Ouro Preto, se apresenta em eventos diversos, ministra aulas e, inclusive, namora com um músico que conheceu durante a sua graduação e, por coincidência, hoje é professor do Música nas Escolas.
A jovem Joice Coutinho, que integrou a primeira edição do Música nas Escolas, é apenas um dos muitos casos de sucesso que passam pela iniciativa. De acordo com José Roberto Lages, um dos coordenadores do projeto, os mais de 15 anos de atuação podem ser resumidos em uma palavra: satisfação. “Promovemos gratuitamente a formação musical, a socialização, o crescimento pessoal e formação profissional de inúmeras crianças e adolescentes, que acabam se tornando profissionais na música e referências para os novos alunos. Ao vermos os vários exemplos inspiradores, ficamos muito orgulhosos e motivados para trabalhar na continuidade do projeto”, diz.
O outro coordenador do Projeto Música nas Escolas, José Roberto Alvarenga, destaca uma consequência positiva do trabalho de toda a equipe: a minimização do risco social. “Com as crianças e adolescentes engajados e empenhados em aprender música e a tocar instrumentos, é perceptível a evolução dos participantes em diversos aspectos, como a disciplina, melhora no rendimento escolar, a valorização da educação, da escola e do trabalho em equipe. E vários integrantes do projeto acabam decidindo seguir a trajetória na área da música e se tornam profissionais atuantes em orquestras, casamentos e outras apresentações diversas e que hoje são inspiração para as novas turmas”, explica o profissional.
A geração de emprego e renda são as maiores contribuições do Projeto Música nas Escolas para a sociedade. “O nosso trabalho vai além do ensinar a tocar algum instrumento. Com uma base teórica bem construída e uma equipe formada por profissionais que são atuantes na área cultural, mostramos aos nossos alunos que a área musical oferece múltiplas oportunidades que podem ser aproveitadas por eles, como o segmento de casamentos, formaturas e orquestras”, salienta José Roberto Lages, que ainda menciona o fato de diversos participantes poderem ter uma formação orquestral, o que é uma espécie de estágio numa orquestra, o que proporciona experiência e favorece o currículo.
Sobre o Projeto Música nas Escolas
Inspirado no maestro Heitor Villa Lobos, um dos primeiros a introduzir a música nas escolas, o Projeto teve início em 2005, numa iniciativa da Imago Mundi Cultural. O Música nas Escolas incentiva e investe na formação musical de crianças e adolescentes, de escolas públicas, moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Por meio de concertos didáticos e cursos de formação musical, eles têm acesso à história de grandes compositores da música erudita e popular, têm aulas de teoria musical, história da música e apreciação musical.
O Projeto Música nas Escolas foi idealizado e é produzido pela Imago Mundi Cultural, que tem a frente José Roberto Alvarenga e José Roberto Lages. A Orquestra Jovem Vallourec, a Orquestra Jovem da Escola Estadual Padre João Botelho e a Camerata fazem parte do projeto, que já realizou mais de 350 apresentações para cerca de 100 mil espectadores em eventos culturais, escolas, creches, hospitais, metrôs e praças da capital e do interior de Minas Gerais.
Ao ingressarem no projeto, os alunos participam de aulas diárias e gratuitas de instrumentos musicais à sua escolha, como: violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta transversal e doce, trompete, fagote, oboé e percussão. As aulas são ministradas por 15 professores contratados da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que os aproximam do universo da música erudita e popular.
Depois de anos estudando e respirando música, muitos jovens continuam no projeto aperfeiçoando-se e atuando como multiplicadores do conhecimento adquirido. A qualidade do planejamento pedagógico e da formação musical também favorece a atuação de vários integrantes das orquestras em grupos profissionais, fora do âmbito do projeto, propiciando a geração de emprego e renda para os jovens músicos, assim como o ingresso de vários deles em conceituadas universidades.